quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Comunicado à imprensa


A nossa primeira palavra vai para todos os residentes no Algarve que viram as suas casas arder, as suas vidas em perigo, o seu património destruído. Para os mais de 30 feridos, para todos aqueles que viram os esforços de uma vida serem consumidos pelas chamas. Para os que perderam os seus animais e as suas culturas, para todos aqueles que viram as suas vidas viradas do avesso, que perderam tudo, que viram a sua vida por um fio.
Isto apesar dos esforços incondicionais dos Bombeiros, da GNR, do sentido do dever dos funcionários autárquicos à generosidade dos voluntários.
Vimos a coordenação das “instâncias superiores” falhar em toda a linha, depois de transferida para Lisboa, como se quem estava no terreno fosse incompetente. Não reconhecemos qualquer competência na coordenação operacional estabelecida na capital. Nem nós, nem ninguém, para além do nosso Primeiro-Ministro, que veio reclamar um sucesso que mais ninguém vislumbra e, do alto da soberba a que já nos habituou, apareceu como o homem providencial, dizendo que esta catástrofe que se abateu sobre os algarvios foi “a excepção que confirmou a regra”.
Não sabemos do que fala, nem nós nem o país. No primeiro teste deste ano, na primeira semana de temperaturas altas, falhou tudo, arderam casas, pessoas ficaram feridas, os meios foram desbaratados e muitos homens ficaram impávidos à espera de ordens de Lisboa que nunca chegaram ou chegaram tarde.
Não compreendemos como pode um Primeiro-Ministro falar assim, aproveitar-se desta tragédia que se abateu sobre os residentes no Algarve para se apresentar como o artífice de um sucesso. 
E por isso, apenas por isso, somos neste momento obrigados a vir dizer que o “rei vai nú” e que não, não somos cidadãos de segunda, o que se perdeu no Algarve, de património a animais, casas, esforços de uma vida, não é “um sucesso”. Pergunta-se hoje no “Público” “Monchique, uma excepção, quando arde de forma incontrolável? Uma excepção depois de tantos avisos sobre a sua vulnerabilidade? Uma excepção, quando a Protecção Civil quebra as suas próprias regras operacionais na definição das cadeias de comando? Uma excepção, quando se sabe que a gestão operacional foi caótica (dizem os bombeiros)?”
Não se trata de uma querela partidária (por isso só agora estarmos a emitir o presente comunicado), alimentada em torno das tragédias do fogo, mas sim de dizermos que não ficaremos calados perante estas miseráveis declarações. Os algarvios estão habituados a este tipo de tratamento por parte deste governo, das portagens ao petróleo, mas desta vez cremos que se desceu muito baixo.
Porque famílias perderam tudo, vidas estiveram em perigo, pessoas ficaram feridas.

P’la Comissão Política Distrital do CDS-PP

José Pedro Caçorino

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